Fundada oficialmente em 14 de março de 1987, a Espaço Formação Assessoria e Documentação, é o resultado da mobilização de lideranças populares atuantes nos movimentos sociais da região sul do município de São Paulo impulsionados pelas Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, e por todo o processo de resistência ao ao regime autoritário que caracterizou a década de 70 e início de 80.
Naquele momento político os movimentos sociais transitavam do estágio reivindicativo instável e informal para uma etapa que talvez pudesse ser classificada de reflexiva, propositiva e institucional.
Diante de lutas que como o movimento por vagas nas escolas de Educação Infantil a Espaço acabou por assumir a responsabilidade de criar junto o movimento local, o Projeto de Educação Infantil, que começou a funcionar em algumas Associações de Moradores e salões de CEBs.
Por isso sua trajetória esta intimamente ligada aos movimentos sociais locais que se notabilizaram em lutas reivindicatórias por saneamento, escolas, transporte, hospitais, moradia, regularização de loteamentos, direitos humanos e meio ambiente. Nos anos 70 e até meados da década de 80 estas lutas estiveram sempre articuladas ao movimento nacional de redemocratização do país.
Ao longo do tempo, a Espaço priorizou sua atuação no campo da educação popular e da defesa do meio ambiente, essa opção está ligada a convicção da capacidade transformadora da educação e da necessidade de se construir uma relação equilibrada e sustentável com os recursos naturais. Vale lembrar que a região de atuação prioritária da Espaço abriga as bacias hidrográficas das Represas Guarapiranga e Billings, dois dos principais mananciais de São Paulo, responsáveis pelo abastecimento de aproximadamente 4 milhões de pessoas.
Em 1998 mobiliza a população local para o debate em torna dos mananciais Billings e Guarapiranga, e insere na agenda local a questão ambiental que ganha notoriedade com o assassinato de Chico Mendes em 22 de dezembro de 1988. Em 29 de abril de 1989, convoca uma grande manifestação pela Avenida Robert Kennedy, em defesa da Represa Guarapiranga, a mobilização ganha força e o debate vai para dentro das escolas, movimentos sociais, igrejas, associações de moradores enfim, o tema conquista cada vez mais espaços.
Em 1992 a Espaço edita a revista "Vamos Defender Nossa Água" com o apoio da P.M.S.P. e da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional - ACDI, tiragem inicial de 30 mil exemplares esgota-se rapidamente e são rodadas mais duas tiragens totalizando 100 mil exemplares que são distribuídos nas escolas da região.
Também na década de 90, a Espaço manteve vários núcleos de educação infantil, inclusive um núcleo na aldeia Guarani Morro da Saudade, atendendo cerca de 600 crianças de 4 a 6 anos de idade, em preparação para entrar na rede pública de ensino. Na alfabetização de jovens e adultos, foram atendidos cerca de 4.300 pessoas, havendo atualmente 19 núcleos com um total de 390 alunos.
O envolvimento com as questões educacionais e ambientais ocorreu desde a criação da Espaço, tanto que ela participou ativamente de organizações como a APEDEMA-SP, Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente, Fórum Paulista e Fórum Brasileiro de Organizações não Governamentais e Movimentos Sociais, preparatório para o Fórum Global, paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, RIO-92.
Foi pioneira região sul na promoção de mobilizações populares, protestos, mutirões de limpeza manual de córregos e arborização, além do movimento vitorioso pela remoção de lixo radiativo depositado na região pela empresa Nuclemon.
Tornou-se também referência no campo da educação e alfabetização de jovens e adultos, tendo sida uma das precursoras do Movimentos de Alfabetização de Jovens e Adultos de São Paulo, instituído em 1989, e incentivado pelo Educador Paulo Freire.
Em diferentes períodos, a Espaço estabeleceu parcerias com outras organizações como o Instituto Socioambiental, SOS Mata Atlântica, SOS Represa do Guarapiranga, Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, e organizações estrangeiras estrangeiras, como Legambiente, da Itália, Misereor, da Alemanha, Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional - ACDI, Movimento de Educação de Base – MEB, além de Igrejas, Escolas, Universidades, e órgãos governamentais, como a Prefeitura do Município de São Paulo e Governo do Estado de São Paulo. Dentre outros resultados destas articulações pode ser apontada a criação do Fórum de Educação da Zona Sul e Núcleo Pró-Guarapiranga responsável pela elaboração do Diagnóstico Socioambiental Participativo da Bacia do Guarapiranga (1996).O atuação junto à comunidade resultou na indicação da Espaço para participar do Sub-comitê da Bacia hidrográfica Cotia-Guarapiranga e do Conselho Gestor da APA Capivari-Monos, além de outros fóruns que possibilitam intervir na orientação de programa voltados à problemática ambiental e, em questões como a nova Lei de Proteção dos Mananciais, e na chamada Lei Específica da Guarapiranga, esta última aprovada no final de 2005 pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.