Ricardo Salles tentou, mas não conseguiu recuperar o Fundo Amazônia
A falta de compromisso do governo brasileiro com ações efetivas para conter o desmatamento na floresta foi a gota d’água. Na época, Bolsonaro fez pior. Além de esnobar, mandou recado mal criado para a chanceler alemã, Ângela Merkel: “Pega essa grana e refloreste a Alemanha, tá ok?
Em agosto, Ricardo Salles esnobou o anúncio da suspensão dos investimentos da Alemanha que, junto com a Noruega, mantinha o Fundo Amazônia. A falta de compromisso do governo brasileiro com ações efetivas para conter o desmatamento na floresta foi a gota d’água.
Na época, Bolsonaro fez pior. Além de esnobar, mandou recado mal criado para a chanceler alemã, Ângela Merkel: “Pega essa grana e refloreste a Alemanha, tá ok? Lá está precisando muito mais do que aqui”.
Mas, ao chegar na Alemanha, no domingo, 29/9, o ministro do meio ambiente estava certo de que conseguiria reverter a péssima imagem criada por ele e o presidente. Quer dizer, na verdade, ele imaginava que conseguiria desfazer “o sensacionalismo de informações que não são corretas sobre a situação ambiental brasileira”. Tuitou isso em seu perfil.
Mas quem ele pensa que engana? Por que subestima tanto a capacidade de líderes mundiais e governos compreenderem a real situação da política ambiental no governo de Bolsonaro?
Assim, mesmo depois de encontros com a ministra do Meio Ambiente, Svenja Schulze, e de Cooperação e Desenvolvimento, Gerd Müller (que esteve no Brasil em julho), Salles deixou a Alemanha ontem, 2/10, com “as mãos abanando”.
Salles volta sem recuperar a doação de R$ 155 milhões que o país aplicava em projetos de conservação na Amazônia. Porta-voz do ministério do meio ambiente alemão disse que a pasta não reconsiderará a suspensão enquanto o Brasil não provar que “o dinheiro será bem investido”.
A vontade de dizer “bem feito” é grande, confesso. Mas só podemos lamentar que isto esteja acontecendo porque inúmeros projetos que dependiam desse financiamento serão interrompidos e isso terá efeito devastador para a vida de inúmeros ribeirinhos e indígenas e, por consequência, para a conservação da floresta.
O Fundo Amazônia tinha dois doadores internacionais: Alemanha e Noruega. Ambos estavam satisfeitos com a forma como o programa vinha sendo gerido pelo Brasil até que, este ano, foram surpreendidos com mudanças definidas por Salles sem consulta-los. Uma de suas intenções era usar o dinheiro para pagar desapropriações de terras. Em seguida, vieram os índices indecentes do desmatamento. Foi muita prepotência dele imaginar que, mesmo assim, ficaria tudo bem. Mais ainda, agora, que ele reconquistaria principalmente Gerd Müller, que era quem acompanhava o programa,
com sua lábia.
Fontes: G1 e DW
Foto: Marcos Corrêa, PR/Agência Brasil