Romance combina mistério, figuras femininas e luta por moradia

Livro que será lançado neste fim de semana espelha vivências da autora, Mari Mendes

Por Rede Brasil Atual | 28.10.2023

São Paulo – As histórias de Madalira, mãe solo, e de Saimon (o Levita), guardador de carros, se cruzam em meio a uma ocupação urbana chamada Vale do Sol, em romance de estreia que reflete as vivências de sua autora, Mari Mendes. Batalha no Vale do Sol (Expressão Popular) está sendo lançado neste final de semana, durante a feira literária promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, no interior paulista.

Mineira de Itaúna, 31 anos, Mariana mora na região desde a infância – atualmente, em Votorantim, cidade ao lado de Sorocaba. Ela conta que inspirou na história da própria família. “A falta da casa própria nos expôs a uma série de situações, como a experiência de morar em edículas de parentes, a tentativa frustrada de conseguir um terreno por usucapião, aluguéis que se tornam impossíveis de pagar. Por isso, a questão da moradia sempre foi algo sensível para mim.”

Mas não se trata apenas de uma questão pessoal, observa: “O déficit habitacional tem a ver com a maneira como nossas cidades cresceram e se desenvolveram. Tem a ver com a lógica do mercado imobiliário, que trata um direito básico, que deveria ser universal, como mercadoria”.

Mulheres e movimentos

Além disso, no romance Batalha no Vale do Sol há a presença de figuras femininas fortes, em trama que junta a realidade da luta popular por moradia com doses de mistério. Ali estão a organização diária do movimento, ações coletivas, resistência e o desenvolvimento dos – sobretudo das – personagens.

A aproximação da autora com movimentos sociais se deu durante o período em que ela cursou Geografia na Universidade Federal de São Carlos. “Acompanhei as notícias do despejo violento ocorrido na ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos, em 2013, conheci a história de organização popular da ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte, além das ocupações no centro da cidade do São Paulo, como a Mauá. Todas essas iniciativas de luta estão plenas de histórias fantásticas de mulheres e homens de luta e me inspirei muito nelas.”